Durant (1994) questiona se a Utopia é viável, se tem aplicação prática e se já foi realizada. O autor acredita que, em parte, ela se concretizou com o governo do catolicismo na Europa por cerca de mil anos, na Idade Média, e, por um tempo, no Paraguai, com os jesuítas. Críticos fizeram objeções ao longo do tempo. Aristóteles, discípulo de Platão, criticou a ideia de que todos os homens fossem irmãos, a propriedade comum e o comunismo. Em períodos posteriores, surgiram outras críticas. Acusaram Platão de subestimar o costume da monogamia, o instinto maternal e de defender a abolição da família.
utopia
A solução psicológica em Platão
Durant (1994) chama de solução psicológica, eu chamaria de solução pedagógica. Para edificar Utopia, o estado ideal, os governantes não serão escolhidos nem pela maioria nem pela força; a solução começa com uma educação universal. Nos primeiros dez anos, a educação terá o predomínio do físico, com atletismo e ginástica somados à música. Após os dezesseis anos, a música deve atrair os estudantes para o estudo das matemáticas, história e ciência. É necessário dar atenção à formação moral, recomendando-se a religião para isso. Preveem-se três exames. O primeiro ocorre aos vinte anos, quando os reprovados são encaminhados para atividades laborais, e os aprovados continuam mais dez anos de estudo e capacitação. O segundo ocorre aos trinta anos, com os reprovados sendo orientados para funções de auxiliares executivos e oficiais militares, enquanto os aprovados seguem por mais cinco anos de estudo de Filosofia. O último exame dura quinze anos (dos 35 aos 50 anos de idade) e é a prova da vida real. Os poucos aprovados são automaticamente convertidos em governantes do estado.