Durant (1994) questiona se a Utopia é viável, se tem aplicação prática e se já foi realizada. O autor acredita que, em parte, ela se concretizou com o governo do catolicismo na Europa por cerca de mil anos, na Idade Média, e, por um tempo, no Paraguai, com os jesuítas. Críticos fizeram objeções ao longo do tempo. Aristóteles, discípulo de Platão, criticou a ideia de que todos os homens fossem irmãos, a propriedade comum e o comunismo. Em períodos posteriores, surgiram outras críticas. Acusaram Platão de subestimar o costume da monogamia, o instinto maternal e de defender a abolição da família.
Platão admite que sua proposta é para poucos e se aplica apenas aos guardiões. Uma crítica importante é econômica: os guardiões teriam poder político, mas sem controle econômico. Isso os tornaria dependentes e os reduziria a executores da classe dominante. Outras críticas dizem que o estado idealizado é estático, negligencia o indivíduo, impõe uma postura sacerdotal e desrespeita a liberdade. Ainda assim, a visão de Platão merece respeito. Ele acerta ao dizer que o mundo precisa de sábios no poder e que a democracia precisa melhorar.
Platão desenhou um ideal. Conta-se que Dionísio, governante de Siracusa, convidou Platão para transformar o reino em uma Utopia. Ao descobrir que teria que deixar de ser rei para se tornar sábio, Dionísio se opôs. Prendeu Platão e o vendeu como escravo. Um discípulo o resgatou. Platão viveu uma velhice tranquila, cuidando da Academia. Em 387 a.C., aos 80 anos, enquanto participava das bodas de um discípulo, ele se sentou para descansar. Dormiu e nunca mais acordou.